Uma matéria extremamente interessante que vi na Metal Hammer e traduzi em primeira mão para o blog. Ela fala como o New Metal cresceu, chegou ao topo, perdeu força e voltou a ser lembrado nos últimos anos, além de fazer um paralelo muito maneiro sobre as vestimentas de quem fazia parte desse "movimento". Queria agradecer também ao meu bróder Max que deu um baita help na tradução (inglês britânico é um caralho pra traduzir). Por ser muito grande, a dividi em duas partes. Se você é fã de New Metal ou simplesmente um hater do estilo, vale e muito a pena ler tudo. Enjoy it!
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Por Dave EverleyEm 27 de outubro de 1995, uma banda emergente de Bakersfield, California, tocou pela primeira vez no clube britânico LA2, em Londres. O auto intitulado álbum de estreia causou um pequeno reboliço no país dos rockeiros mais bem informados, dos quais 800 estavam lá naquela noite. O nome da banda era Korn e se não eram tão desconhecidos assim, certamente eram cavaleiros negros. Meio que literalmente no caso do cantor Jonathan Davis, um ex-assistente de necrotério que sussurrava, cortava e gritava do seu jeito em um set de músicas sobre insegurança, perversões sexuais e abuso infantil.
Korn soava parecido com o que havia surgido antes. Eles pegaram a pegada rap-metal do Faith No More, Rage Against The Machine e do Red Hot Chilli Peppers e transformaram em algo irreconhecível. Guitarras com afinações baixas, letras pintadas com tons sórdidos e ainda uma gaita de fole durante uma parte do show. Para aquelas 800 pessoas no LA2, este era o som do futuro. A cena que o Korn liderou seria o maior barulho de todos no rock. As bandas que surgiram depois eram uma coleção espantosa de desajustados, esquisitões e revoltados.
Esse movimento logo seria rotulado de New Metal. Era o som dos lunáticos tomando conta do asilo.
Los Angeles estava morta no começo dos anos 90. O Glam Metal estava já nos últimos suspiros e o Grunge, que havia encontrado um lugar no sol, não seria visto acabado na Sunset Strip. Restava, então, que algumas bandas locais construíssem algo novo. Uma dessas bandas era o Coal Chamber, cujo vocalista Dez Fafara - filho do ex-ator infantil, Tiger Fafara - era um fã de Punk Rock e Synth-Pop oitentista. Quando Dez criou o Coal Chamber em 1994, eles faziam um show padrão de rock alternativo. Foi só depois de abaixarem a afinação da guitarra que notaram outras bandas fazendo o mesmo.
"Em 92 ou 93, os clubes não faziam nada, ninguém ligava pra eles", disse. "Mas quando você passa a ver todas essas bandas tocando nesses lugares - Coal Chamber, Deftones, System Of A Down. Korn trazia ônibus lotados de pessoas do condado de Orange. A parada é, todos tinham que soar diferente e se vestir diferente pra ficar. Usávamos Dickies (marca de roupa americana) e cabelo trançado pra ficar mais próximo do nosso lado gótico. Era por isso que a gente se vestia de um jeito tão maluco".
Ao mesmo tempo, algo emergia na Florida. Liderado pelo tatuador Fred Durst, o Limp Bizkit estava fazendo barulho no seu bairro, Jacksonville. Mais explicitamente envolvido com o Hip-Hop do que as outras bandas da California, o seu vocalista, entretanto, nunca negou seu status.
"Éramos a ovelha negra - ou branca", disse. "Não éramos nem rap, nem metal. Simplesmente não ligávamos e sempre tentamos dizer isso de forma escandalosamente sincera. Eu acho que isso era uma das coisas que mais detestavam na gente". O Limp Bizkit morava a mais de 3 mil milhas de Los Angeles, mas logo se tornaram membros honorários dessa nova fraternidade de malucos depois que Fred deu a demo da sua banda nas mãos do Korn quando os caras tocaram em Jacksonville.
Eles entraram no barco naquele exato momento. A cena foi lentamente ganhando tração: Korn lançou seu primeiro álbum em outubro de 94; Deftones lançou Adrenaline no ano seguinte, A coisa toda teve seu momentum quando o Sepultura lançou o Roots no começo de 1996. A faixa 'Cutaway' têm participação de Jonathan Davis e DJ Lethal do então desconhecido Limp Bizkit, além do padrinho involuntário da bagaça, Mike Patton do Faith No More.
Na época em que Limp Bizkit lançou seu álbum de estreia, Three Dollar Bill Y’All$, em 1997, as coisas estavam indo tão rápidas que tudo o que Fred Durst podia fazer era segurar seu boné vermelho. "Apenas aconteceu", diz. "Não tínhamos tempo para prestar atenção. Eu estava literalmente cuspindo qualquer coisa para manter a banda no caminho. Estávamos rindo todo dia pelo fato de isso ter existido, em primeiro lugar."
Fred pode ter rapidamente se apresentado como o mestre egocêntrico do New Metal, mas ele insiste que debaixo do fanfarrão excêntrico existiu um homem tímido, inseguro e ainda suportando as cicatrizes mentais do bullying sofrido na infância. O sucesso florescente da banda foi um grande dedo do meio para todos aqueles que fizeram de sua vida um inferno. "Eles arruinaram minha vida, e eu pensei que eles também arruinaram a vida dos nossos fãs", diz. "Eu realmente imaginei que as pessoas estavam reconhecendo de onde eu vim – um cara que finalmente se levantou e revidou. A ironia é que os próprios valentões passaram a curtir a música."
Esse senso de deslocamento – pessoal e musical – alimentou uma camaradagem entre as bandas.
"Toda vez que o Coal Chamber tocava, eu chamava o System para abrir para a gente", conta Dez. "Nos primeiros dias, antes da fama, o Limp Bizkit passava aqui para dar um oi. Quando o Coal Chamber gravou o primeiro disco, o Fieldy do Korn apareceu e emprestou seu equipamento para o Rayna [baixista original do Coal Chamber].” Com o Ozzfest e o Family Values, a represa cedeu. O New Metal se tornou de fato uma proposta mainstream. Follow the Leader (Korn) e Significant Other (Limp Bizkit) eram hits globais, pavimentando o caminho para uma nova onda de bandas pegarem carona. Teve Static-X de Chicago, cujo vocalista, o falecido Wayne Static, ostentou um penteado que lembrava o resultado de um bizarro acidente elétrico. Tinha o Orgy, um bando de cabeludo metaleiro com lápis no olho que pareciam o Duran Duran em pijamas de couro. Houve o Snot, Human Waste Project, Videodrone, Adema e outras incontáveis vestimentas esquecíveis, todos com suas peças 'malucas', todos abraçando o 'esquisito'.