Tá aí, eis uma coisa que eu sinceramente não esperava ver tão cedo e praticamente fiquei com o pé atrás quase até os últimos momentos de começar a ouvir The Serenity of Suffering. O Korn lançou um álbum que é superior a tudo que vinha sendo feito nos últimos dez anos ou mais. E se você já leu o que escrevi sobre eles aqui no blog, vai entender facilmente o porquê de eu ter gostado do TSOS e vai logo interligar com o que irei dizer agora.
Primeiro de tudo: não, não há nada de novo tampouco inovador nesse trabalho e é o primeiro ponto positivo. Como fã, eu não queria nenhuma invenção de moda ou revolução. Eu queria o som do Korn de volta, um resgate a tudo que ficou perdido lá pelos idos dos anos 2000. The Serenity of Suffering entrega exatamente esse feeling. Como já comentei com outras pessoas, parece que pegaram uma máquina do tempo até a virada do século e trouxeram esse disco direto de lá. "Ah, mas deve ter ficado muito mais do mesmo", nada disso! Um resgate daquilo que foi perdido não significa que o som produzido esteja datado! Muito pelo contrário, mesmo com essa vibe old school Korn, as músicas possuem uma roupagem bem moderna.
O meu maior destaque nessa nova-velha empreitada do Korn é uma das coisas que mais faziam falta: refrões. Não tem um refrão feio sequer, só coisa bonita que de tão bem feita chega até arrepiar. Porém, não fica só nisso. SOS é incrivelmente melódico e "Black Is The Soul" é a perfeita ilustração disso. Melodia que é conduzida desde o início pela dupla de guitarristas. Pra quem como eu sentia tanta falta dessa sincronia entre Head e Munky, deve ter ficado estarrecido.
O álbum é muito pesado e passa longe daquele som mais limpo do The Paradigm Shift. Mas quem conhece a banda sabe que outro ponto forte não é só o peso, também se inclui aí aquela levada mais funk, mais groove do baixo/bateria e que está bem presente na faixa "The Hating". O Ray Luzier foi muito melhor inserido neste disco e alguns momentos sequer lembramos do ex-baterista David Silveria, que sempre foi peça crucial no Korn. Aquele clima meio sombrio e até depressivo - muita vezes criado através das guitarras - que se encaixam perfeitamente com a voz e as letras de Jonathan Davis é a melhor maneira de descrever músicas como "Everything Falls Apart", que possui uns berros do meio para o final que é uma emoção que só o JD sabe colocar. Lembram que cheguei a dizer que os sons eletrônicos sempre fizeram parte do que era o Korn e que vinham sendo extremamente mal explorados? Pois bem, "Next in Line" é uma das faixas que mostram como eles sabem fazer muito bem o uso disso e não a toa ela possui scratches típicos daquele New Metal dahora dos anos noventa junto de um dos refrões mais bonitos do disco.
Para concluir, o décimo segundo trabalho de estúdio da minha banda preferida ainda não está no ponto que eu gostaria? Talvez, há pequenos detalhes que particularmente mudaria, tipo dar mais destaque pra aquele timbre mais estalado do baixo do Fieldy e até mesmo uma cadência um pouco maior nas músicas. Entretanto, são coisas um pouco pequenas perto do resultado final que me agradou bastante já que depois muito tempo voltei a ter satisfação em escutar uma obra do Korn. Se você não entendeu o que eu quis dizer ou acha que seja pura implicância, há uma bonus track do álbum chamada "Calling Me Too Soon" que é simplesmente perfeita. Tem tudo ali, duetos das guitarras com distorções, ritmo funkeado, refrão foda e timbre do baixo estalando. Enfim, The Serenity of Suffering é o resgate de elementos que estavam espalhados e perdidos durante muito tempo, e que agora se juntaram de um jeito totalmente natural e orgânico, sem invenções e sem firulas, como deveria ter sido feito há muito tempo.